quinta-feira, 17 de março de 2011

Vida poética de passarinhos

Depois da última postagem, em que duas amigas queridas, citaram como seu canto predileto o do uirapuru, via internet, ouvi seu canto, busquei por imagens. É realmente lindo.
Encontrei também um poema, num livreto meu já amarelado, que passou por longo período sonolento, e agora tem andado insone, um lindo poema que fala de pássaros, fala de gaiolas, talvez fale também de gaiolas que existam na vida...



O pássaro domesticado vivia na gaiola, e o pássaro livre na floresta. Mas o destino deles era se encontrarem, e a hora finalmente havia chegado.


O pássaro livre cantou: "Meu amor, voemos para o bosque". O pássaro preso sussurrou: "Vem cá, e vamos juntos nesta gaiola". O pássaro livre respondeu: "Entre as grades não há espaço para abrir as asas". "Ah", lamentou o pássaro engaiolado - "no céu eu não saberia onde pousar".


O pássaro livre cantou: "Amor querido, canta as canções do campo". O pássaro preso respondeu: "Fica junto comigo, e te ensinarei as palavras dos sábios". O pássaro da floresta retrucou: "Não, não! As canções não podem ser ensinadas!"


E o pássaro engaiolado gemeu: "Ai de mim! Eu não conheço as canções do campo".


Entre eles o amor era sem limites, mas eles não podiam voar asa com asa.
Olhavam-se através das grades da gaiola, mas em vão desejavam se conhecer. Batiam as asas ansiosamente, e cantavam: "Chega mais perto, meu amor". Mas o pássaro livre dizia: "Não posso. Tenho medo da tua gaiola com portas fechadas". e o pássaro engaiolado sussurrava: "Ai de mim! As minhas asas ficaram fracas e morreram".


                                                                      Tagore, poeta indiano nascido em 1861.

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