sábado, 10 de novembro de 2012

A caixa do correio


Quantas e quantas cartas eu coloquei ali dentro . Para o pai, lá no trabalho dele, a tia na rua de cima, a melhor amiga três casas abaixo.
E também para o próprio endereço, para surpreender a mãe e então o carteiro nem encaminhava para o correio. Ele pegava e já deixava em casa, o que significava que o selo não era carimbado e eu poderia usá-lo novamente! Que alegria!
Ainda menor, quando nem sabia escrever e perguntei para que servia "aquela coisa"amarela, minha mãe disse que era para colocar cartas. E eu já imaginei a carta sendo colocada ali dentro, passando pelo cano azul e seguia por baixo das ruas até o seu destino. Acho que foi um pensamento precursor do e-mail...
Eu sabia o horário que o carteiro passava. Via-o abrir, pegar muitas cartas, postais, colocar em sua bolsa azul e seguir.
Dia desses parei para observar atentamente a caixa de correio que fica no meu caminho. Voltei no dia seguinte e fotografei.
Uma tristeza, um abandono.
Seu Dutra, o carteiro da nossa rua, dia desses me chamou para assinar uma encomenda e eu aproveitei para puxar a conversa.
 - Seu Dutra, ainda usam bastante as caixas de correios das ruas?
 - Ih! Que nada. Só em época de eleição é que enchem de "santinhos políticos", uma porcaria.
 - E vocês abrem todos os dias as caixas?
 - Não. Só as que ficam diante de repartições públicas ou das próprias agências dos correios. Aquela ali debaixo ( referindo-se à da fotografia ) só abro uma vez por semana e as vezes até quinze dias e nunca tem nada.
 - E as correspondências, diminuíram com a internet? As cartas manuscritas de pessoas para pessoas sim. Correspondências comerciais, encomendas, cobranças é o que mais tem!
Nem a lojinha de esquina que vendia os selos existe mais...
Ah! Se eu fosse corajosa o suficiente, sairia de madrugada, arrancaria a caixa de lá, cuidava dela com todo o merecimento que lhe é devido e a plantaria no meu jardim.
Aos meus olhos, ela seria sempre assim:


12 comentários:

  1. Ana Paula, achei lindo o seu modo de pensar na carta saindo da caixa pelo cano azul e...
    Eu, já com uma certa janela de sistemas informatizados, ao ler, comecei a traçar um diagrama de blocos... se SIM, vai para a direita; se NÃO, vai para a esquerda; se TALVEZ... rs...rs.

    Infelizmente o estado de conservação da caixa do correio é lastimável. Não só é um problema de educação da população como de descaso dos Correios que deveriam montar um esquema mais efetivo de limpeza e conscientizar a população da importância das caixas. O e-mail é mais rápido, todavia o escrito de próprio punho é mais eficiente e menos sujeito a falsificações. E, para dizer a verdade (observando essa caxinha da Ana Paula) é muito mais romântico o bilhetinho ou carta de próprio punho. Se for escrito com caneta tinteiro, então, tem mais valor ainda.
    (Para quem se assustou, caneta tinteiro existe ainda e tem para vender. Custa barato e eu tenho uma. Escrevo com ela todos os dias senão a tinta seca rapidinho. Eu a uso para fechar o balanço de vida do meu dia. Esse não pode e não deve ser informatizado e os escritos ficam registrados por mim e por Deus. Foi uma boa mania que aprendi para ir me aperfeiçoando como ser humano.)
    Vamos parar por aqui senão vira postagem. Hoje quase não conversei e trabalhei muito. Esse volume de comentário é causado por carência "conversativa". Estou louco para bater um papinho furado. Enfim...
    Beijo
    Manoel

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  2. Você tem certeza que não copiaram sua ideia infantil?
    Eu ficava intrigada como o carteiro sabia onde a gente morava pra entregar as cartas... Achava eles muito espertos!
    Fato é que nada substitui a emoção de receber uma carta! Nada!
    Achei uma delicadeza grande de sua parte em lembrar da velha caixinha de correios... Hoje é mais rápido ir à central de correios.
    Bjks doces e bom domingo.

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  3. Uma tristeza mesmo pensar em quantas cartas de amor foram nelas colocadas e hoje estão assim...Pena!!

    Lindo teu texto, cheio de saudades boas! beijos,chica

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  4. Ah que saudades desse tempo, em minha cidade no interior do RN ainda existe e anda a usam, mas também pouco por medo de que sumam as cartas, á tanto vandalismo não é? Venha participar do sorteioe me meu blog, da Elian, vc escolhe a roupa que desejar, disponível em estoque dels, participeeeeeee, quero muito bjs

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  5. Ai que lindooo...
    São coisas que fazem parte da indancia, da memoria...
    Eu particularmente não lembro, ja vi dessas e hoje nem vejo mais :(
    Mas como era bom se comunicar por cartinhas ate com a viinha...
    Eu escrevia muitoooo...
    Bjs

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  6. Respondi lá e vim colocar na sua caixa de correio (resposta a esse tema será escrita, com letra bordada e desenhos no canto do papel) uma cartinha sobre as pipocas:

    Salvador, 11 de novembro de 2012

    Cara amiga Ana Paula


    Estação da Lapa. Pense num lugar povão.
    Pense num lugar cheio, de gente, de vendedores ambulantes de td que vc imagine e não possa imaginar.
    E lá ficavam carrinhos de pipocas tradicionais, com saquinhos de papel tradicionais: pequenos, médios ou grandes e o preço para tds pequeno. Com aquele mexedor de pipoca de malhar o braço, cheiro que parece não ser coisa desse mundo, vidro com o preço escrito de tinta ao lado, manteiga derretida em potinhos plásticos dos de catchup´s das lanchonetes de antigamente. Esses saquinhos de plástico de rasgar não tem a mesma graça, nem a mesma quantidade tipo entupa suas artérias a vontade.
    E a pipoca incrivelmente estava sempre saindo e hj me pergunto como um só homem fazia, empacotava, passava o troco, não reclamava e ainda sorria, colocava a tal manteiga e o coco ralado, sim senhora, coco em lascas sob a pipoca.
    Sonho de consumo: uma porção de pipoca e uma de coco, queria ser amiga de um pipoqueiro só pra pedir isso :)

    Sem mais e certa de seu carinho e amor as pipocas mais do que aos macarrons

    Tina


    PS: O selos seguem dentro do envelope, do lado de fora do coração :)

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  7. Lindo demais seu texto!
    Trouxe-me doces lembranças...amei te ler!!!
    Abraços amiga e uma semana abençoada e feliz pra ti.

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  8. Vim agradecer a visita e aproveito para dizer que gostei muito do que encontrei por aqui. E muita semelhança com o que penso e acredito - até mesmo o hábito de deixar palitos de fósforo usados na caixa. E eu quero uma caixinha de correio igualzinho a esta cor de rosa...

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  9. Que texto lindo Ana Paula!
    Sabe que quando eu era adolescente também escrevia muitas cartas e sempre ficava ansiosa para chegar as minhas repostas rs. Eu também sabia que horas que o carteiro passava...
    Da até nostalgia de ficar lembrando daquele tempo.

    Aqui no Japão ainda se usa essas caixinhas de correio.

    Beeeijos minha querida, amo seus textos.

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  10. Muito interessante sua postagem. Gostei da forma como você se referiu às caixas dos correios; e seu pensamento infantil então? ... As cartas desciam pelo ano azul e iam até as casas das pessoas... Muita imaginação mesmo! Rs
    Mas essa coisa de escrever/entregar cartas é muito especial mesmo, é muito mais emocionante!! Eu particularmente gosto de receber cartas, bilhetinhos... é muito bom. Dá para você conhecer a letra daquela pessoa que te escreve, dá para sentir a emoção com que ela escreveu, eu acho que nada vai substituir o encanto de uma carta bem escrita, principalmente quando se escreve com o coração.
    A propósito, amei o bilhetinho que você enviou junto ao livro, sua letra é muito bonita viu! ;)

    Bom, que os homens de amarelo e azul continuem entregando emoções e sentimentos!! (Apesar de poucas pessoas escreverem cartas hoje em dia)

    Ótima semana Ana! Beijos**

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  11. Meu coração enchia de alegria quando recebo um envelope de alguém que, no meio de livrinhos, ganho um bilhetinho escrito a próprio punho! ♥

    Carol

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