Não tenho carro. Não tenho carteira de motorista. Não sei dirigir. E não pretendo ter um carro e nem a carteira e nem dirigir.
Essa história começou na ebulição dos hormônios, que na minha época foi ali pelos quatorze anos.
Elaborei um trabalho escolar, frequentando bibliotecas, xerox, pesquisando trabalhosamente entre vários livros, extraindo de um capítulo, juntando com outro e embora não me lembre mais o título do projeto, nele continha o seguinte: o Japão naquela época remota já utilizava água de reuso para lavar seus carros, era inadmissível lavá-los com água potável; num outro capítulo costurado a este estavam alguns, digo muitos países africanos onde morriam principalmente crianças por não terem água potável.
Juntando tudo isso com os hormônios recém-despertos, decidi que não teria um carro.
Adolescentes costumam ser bem radicais quando levantam uma bandeira.
E assim sobrevivi ao final do período colegial, quando todas as minhas amigas ganhavam de presente a carteira de habilitação dos pais, ou tios, padrinhos, enfim, tudo em prol dos dezoito anos. Eu ficava enfurecida. Não porque elas teriam a tão sonhada carteira, nesta época já tinha amadurecido a ideia de que cada qual com suas decisões e muito respeito quanto a isso. Enfurecia-me o fato delas estudarem placas de trânsito e não estudarem para prova e depois queriam que eu passasse cola.
Cheguei aos filhos sem carro. O que para muitos era absurdo a equação ter um filho sem ter um carro.
A gestação do Bernardo foi toda acordando às quatro da madrugada para pegar o metrô às cinco. Dizem que é por isso que ele gosta tanto de trens!
Fácil não foi. Mas que divertido, ah! Isso sim!
Claro que para trazer os grandiosos pacotes de fraldas em promoção tinha o carro do papai, mas eu me virava mesmo é no transporte coletivo e na sola do sapato.
Com a Júlia bebê de colo e o Bernardo bebezão de dois anos e meio, saíamos de ônibus e metrô. Não pense que eu carregava aquelas bolsas enormes de bebê. Era uma bolsa comum a tira colo, com uma fralda descartável, uma de pano, uma garrafinha de água. Ter mamadeiras embutidas no meu corpo era excelente! Nunca passei nenhum apuro e nem chegava a trocar a fralda.
Minha maior dificuldade era o retorno para casa. No ônibus dormiam os dois e depois para acordar o mais velho era quase um desespero. Descia com um bebê no colo e uma criaturinha cambaleando.
Agora, será que alguém me explica por que será que a “criaturinha” não dormia no seu berço macio, cheio de protetores e rococós para dormir sacudindo num coletivo?
Lembranças boas a parte, o fato é que há pessoas que realmente necessitam de um carro, inegável o quesito conforto, comodidade.
Aqui em São Paulo e acredito que nas grandes capitais ocorre o mesmo, está se tornando cada dia mais difícil dirigir. Seja pelo trânsito, acho o principal, vagas para estacionar cada vez mais restritas, alguns já pensam na poluição e tudo isso me mantém distante dos carros.
E vocês vão me agradecer por eu não estar nas ruas dirigindo. Vou contar um segredo: eu adoro olhar bueiros, lá dentro, lá no fundo deles. Já imaginaram eu dirigindo e olhando os bueiros?!
Sou mais feliz com um bilhete único recarregado do que com um carro! Mas incentivo quem vai em busca de se motorizar ( para você Angi!).
Amiga linda!
ResponderExcluirkkkkk
tenho traumas de onibus cheios e grávida!
tive minha época de revoltada, e te juro que sou mais de uma bicicleta, pode ser até aquelas que 2 pessoas andam juntas(adoro), mas infelizmente bicicleta é mega perigodo no Brasil, e aqui na minha cidade tb!
E nesse frio?bicicleta, vento gelado na cara, nem pensar...rs
Mas super apoio as pessoas que gostam de olha fundo nos bueiros a continuarem nos seus coletivos!rs
bjocas amiga
Sinceramente tenho que aplaudir essa sua iniciativa. Era tão jovem quando decidiu não ter carro, e manteve-se firme. Isso é personalidade forte! parabéns.
ResponderExcluirOs transtornos são mesmo grandes, principalmente com os pequenos ao colo, mas você sobreviveu, não é? Transtornos também têm os que dirigem, até mais, nesse trânsito louco de hoje.
Agora...olhar fundo em bueiros? o que se passa?
Nem Freud explica rsrsrsrs!
Sou motorista há 34 anos, adoro! o volante do carro é a extensão de meus braços.
Não viveria sem meu carrinho, vou onde quero, viajo, sem culpa alguma.
Respeito sua decisão, e admiro. Gostaria de ser assim.
Beijos, linda postagem.
Eu passei a dirigir apenas quando me formei na universidade e já com os 4 filhos. E hoje, a cada dia dirijo menos, detesto o trânsito...beijos,adorei te ler!chica
ResponderExcluirMoro na fazenda e trabalho na cidade.
ResponderExcluirSeria impossível viver sem carro, para que mora na cidade é mais fácil.
Abraços! Uma boa noite pra ti.
Ana Paula, definitivamente você é alguém mesmo especial... eu morei em SP e também optava por não dirigir aí, preferia a facilidade do metro e boa... Hoje no interior tudo é pertinho, quase sempre estou a pé, mas para o trabalho vou de carro pois fica na região quase rural... mas é bem menos ou quase nada estressante perto de SP... Sabe qual é o meu sonho, uma ciclovia como tem na Holanda... Amoooooo andar de bicicleta...
ResponderExcluirBeijos e um dia bem lindo pra ti!
Su.
Esse assunto é um tanto quanto delicado pra mim, vc até me deu uma idéia de escrever um post sobre isso tb. rs
ResponderExcluirTb não dirijo, não por ideal mas por medo mesmo e sou feliz assim. Ando bem a pé e de transporte público, nunca deixei de fazer o q eu queria por falta de carro.
Claro que com as meninas tudo fica mais difícil mas não impossível.
Parabéns pela sua atitude!
É bom ver que não estou sozinha. rs
bjs
Ana, adorei a postagem, a do cachorro tb. Sou doida por cachorros. Um dia vamos mudar pra uma casa pra eu tê-los!
ResponderExcluirBom, atucanada é nervosa, ansiosa, atrapalhada. A gente usa o verbo tb, atucanar. Deve ser coisa de gaúcho hahahahaha...
Beijos
Oi Ana!
ResponderExcluirComecei a dirigir cedo e hoje não me vejo se carro,facilita muito minha vida, mas admiro muito sua escolha.
Bjão
Débora
hehehe, adorei! Tb não tenho carteira.. por motivos causados na adolescencia mas diferentes dos teus.. e quer saber... atravesso a cidade a pé e não canso não. já as pessoas que tem depend^ncia do carro não estão acostumadas a caminhar. Adoro demanhã qdo vou para o trabalho que fica meia hora da minha casa, corto o parque escuto os pássaros um caminho tri bom! Se fosse de ônibus demoraria mais que meia hora!!ehehhehe
ResponderExcluirbeijoooosss