segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Marionetes

Esta continuação do post anterior tem duas citações que são do sociólogo e pensador polonês Zygmunt Bauman.

"Numa análise que se desenvolveu em três grandes estudos na New York Review of Books ( 15 jan 2009 ), Marcia  Angell afirmou que, "nos últimos anos, as empresas farmacêuticas aperfeiçoaram um novo e eficiente método de ampliar seus mercados. Em vez de promover medicamentos para tratar doenças, começaram a promover doenças para seus medicamentos". A nova estratégia "é convencer os americanos de que só há dois tipos de pessoa: as que sofrem de condições clínicas e exigem tratamento medicamentoso e aquelas que ainda não sabem disto".

"Christopher Lane descreveu a espetacular trajetória médica e farmacêutica recente de um dos aspectos mais comuns da vida humana: a experiência da timidez prolongada ou momentânea ( quem de nós, em sã consciência, pode jurar que nunca se sentiu tímido, cauteloso ou inseguro?). Pois essa sensação desagradável, tão comum e frequente, foi rebatizada na prática médica com o pomposo nome de "transtorno de ansiedade social".
Em 1980, essa perturbação foi citada no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - ainda sob a denominação de "fobia social", agora abandonada - como doença "rara".
Em 1994, a GlaxoSmithKline, empresa gigante do setor farmacêutico, lançou uma campanha publicitária de milhões de dólares para promover sua marca de antidepressivo Paxil, que prometia aliviar e inclusive acabar com aquela "grave condição médica", como hoje anuncia a propaganda do remédio. Lane cita Barry Brand, diretor de produção do Paxil, que declarou; "O sonho de todo profissional de marketing é descobrir um mercado não identificado ou desconhecido e desenvolvê-lo. Foi o que logramos fazer com o transtorno de ansiedade social".


Zygmund Bauman - 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno

É impressão, ou estão nos querendo fazer de marionetes?

3 comentários:

  1. Ana Paula, espetacular a sua iniciativa para essa postagem. Uma das razões de acabarem com o costume de se ter o médico da família é essa ideia de criar doenças para vender remédios.
    Suponho que aqueles antigos médicos de família, conhecendo a pessoa desde que nasceu não ia ter coragem de fazer uma coisa dessas.
    Pior que para curar o "transtorno de ansiedade social" (rs...rs) devem receitar anti depressivos e ansiolíticos. Todos remédios que deixam o paciente dependente deles. Eu, as vezes, demoro a acreditar que, por causa de dinheiro, exista gente que faça isso, mas EXISTE!
    Dia desses vi uma médica da saúde pública falando na tv que uma quantidade absurda de pessoas (ela falou quantas) tem o vírus HIV e não sabem e também não sentem nada. Pensei comigo: Se um cara de 40 anos tem o vírus de HIV, não sabe e não sente nada e continua nessa situação até os 80 anos. Qual teria sido a vantagem de avisa-lo sobre a contaminação (rs...rs)?
    Ana Paula, não é impressão não. Já fazem muitos de marionetes.
    Como diz o caipira de Taubaté:
    "Ainda bem que nóis pensa, né?"
    Beijo
    Manoel

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  2. Acredito que haja muito mais coisas nessea história que nós, o pobre povão, não sabe e talvez nunca há de saber!


    Belo post! Interessante! beijos,chica

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  3. Realmente Ana, não é impressão, se a moda pega estamos perdidos, o pior é que em muitos casos somos levados a acreditar em doenças psicossomáticas que na verdade nem temos, já fui tratada de uma depressão que eu nem tinha,ai sim fiquei deprimida pois os remédios me derrubavam, até que acordei e larguei os remédios, a medicina em muitos casos já é equivocada por si só ainda com o interesse das industrias piora tudo! Bjoss

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