Alguns dias fora de casa e estou levando um tempinho para que tudo volte à rotina costumeira. Fato que me deixou um tanto ausente desse “lugar” especial e fato mais curioso ainda é como sinto falta e me pego pensando nas amizades, nos posts dos amigos, nos blogs... Isso é muito bom!
Antes de escrever sobre o que me propus, desperdício, quero tentar descrever a cena que eu vivenciei durante a minha ausência e que eu coloquei no post anterior.
Era madrugada. Horário pouco habitual, para mim, estar na rua.
04h25 marcava o relógio digital da principal avenida. Eu me dirigia para a rodoviária. Um trecho a pé, outro de metrô.
Céu escuro e sem estrelas, o que é bem comum para uma São Paulo tão poluída. No deserto da rua vejo um homem há uma boa distância a frente, parado, em pé e ainda que na escuridão era possível ver que se tratava de um mendigo.
A princípio achei que por estar encostado em um portão, estivesse fazendo xixi, mas chamou-me a atenção o chão seco e eu levantei os olhos e vi o terço em suas mãos.
Não havia nada de estético na cena. Não havia um céu bonito, flores, crianças, animais filhotes, a mão de um bebê sobreposta a mão anciã... são tantas as imagens que temos tão belas. E esta não tinha nada de estético.
Roupas velhas, cheiro ruim, pele suja.
Mas aquelas mãos unidas com um terço entrelaçado na madrugada vazia pelo lado de fora de uma igreja me encheram os olhos.
O desperdício
Às vezes as coincidências nos incitam.
Ontem à noite meu filho me perguntava sobre quais assuntos eu gostaria de escrever e eu lhe respondi que queria falar sobre o desperdício. Hoje pela manhã um post forte que nos faz refletir da amiga Angi, com imagens que falam por si e agora à noite o anúncio de um programa na televisão que abordará o assunto. Hora de escrever.
Eu disse ao meu filho que queria escrever sobre este assunto porque um gesto que eu vi, há mais de anos, não me saiu da mente.
Era um documentário sobre a vida do Dalai Lama e na parte referente à alimentação, ele mostrou a tigela onde fazia as refeições e depois acrescentou algo mais ou menos assim: “depois que terminamos a refeição, pegamos uma lasco de nabo e passamos por toda a tigela para que não sobre um grão sequer. Pelas pessoas que passam fome no mundo”.
Nunca mais esqueci daquilo. Ficou marcado. Tocou-me profundamente.
Muito mais da frase que eu sempre ouvira na minha infância: não pode jogar fora, é pecado.
Essa frase me acompanhou por muitos anos, e tão somente fez me dar medo, sentir culpa, sem mudar atitudes.
Claro que a maturidade também contribuiu. Acho bastante difícil para a criança deixar o prato sem um grão sequer. Até mesmo pela sua coordenação motora.Mas também acho que é o momento de ensinar e ajudá-la a refletir e não apenas usar o velho e tão verdadeiro chavão – com tantas crianças morrendo de fome. Muitas vezes eu recorri a imagens para que o morrer de fome ficasse mais concreto.
Em relação aos alimentos existem muitas formas de desperdício: desde o que se estraga em nossa fruteira até aquele que está na feira ou mercado e alguém enfia-lhe a unha para ver se está bem e, óbvio, não leva aquele. Que vai ficando, ficando.
Certa vez ouvi do desperdício que ocorre por ocasião dos buracos nas estradas. Caminhões saculejam por ali e em cada buraco um punhadinho de grãos vão para fora. De punhadinho em punhadinho, a conta final era estarrecedora.
Há também o excesso de cosméticos que compramos, roupas que nem usamos e por aí vai.
Infelizmente eu ainda não aproveito os alimentos como se poderia, cascas, talos.
Tenho me esforçado para comprar o necessário a ser consumido e não finco minhas unhas em nenhum legume ou fruta.
Como tem sido a sua relação com o desperdício? Beijos
Todos nós podemos cuidar um pouquinho.Aliás, DEVEMOS!!! um beijo,passando rapidinho,chica
ResponderExcluirAdorei o post amiga!
ResponderExcluirÓtima reflexão, meu marido disse que 1/3 da produção de alimentos vai fora...acredita?
Ai guria, que mundo é esse?
Enfim, adorei o pensamento de Dalai Lama!
Já vi uns documentários sobre o Butão e amei, como comem menos que nós, e vivem muito bem, super saudáveis...será que não comemos demais?
Beijos querida
ÓTIMO FINAL DE SEMANA!
Angi
querida...tenho tentado economizar mais agua durante o banho sabe. Fico imaginando se agua realmente subisse durante o banho, ou seja, se o ralo estivesse fechado. Fico espantanta com o tanto que desperdicamos!
ResponderExcluirUm bjo e um otimo fim de semana.
Oi Ana!
ResponderExcluirQue linda reflexão! Se eu já prezava sobre o não desperdiçar agora então. Me tocou muito suas palavras e vivências. Se todos agíssemos de forma correta e coerente em relação ao desperdício, quão diferente seria o mundo...
Aqui tento passar para meus filhos a importância de não desperdiçar a água, a luz, o alimento...Deus do Céu...tantos sem ter o que comer, vestir, calçar, sem um cobertor para as noites frias...Dias seguidos vi no noticiário a repórter anunciando mortes de pessoas em função do friu...Nossa...se formos pensar, são coisas absurdas. o mais importante é termos consciência e pormos em práticas muitas atitudes. Independente de quem faz ou não, temos que fazer nossa parte.
Bjo e um excelente final de semana.
Débora
Seus textos têm uma calma inerente... Eu gosto! bjsss, querida...
ResponderExcluirAdorei o site!
ResponderExcluirVou olhar com calma sim, e ver o que posso fazer por esse nosso mundo!
Obrigada pelo carinho sempre
És muito especial,amiga!
Boa noite
Ana Paula, li seu texto com muita atenção e emoção juntas... o cenário inicial de como nem sempre o cenário perfeito é onde se encontra sempre a perfeição... ou a fé, no caso do senhor na madrugada...
ResponderExcluirfalar de desperdício então, poxa vida, podemos fazer a nossa parte, é tão simples, é só uma questão de hábito, bons hábitos, reaproveitar alimentos, não fazer mais comida além do que realmente desejamos comer, ensinar os pequenos desde muito cedo, evitar o consumismo, valorizar o simples e o útil, fugir dessas idéias consumistas que a mídia nos "enfia" garganta a baixo... Contudo, ainda me sinto bem, pois aqui em casa levamos isso a sério, e sempre falo isso para os amigos e familiares também... Com tanta fome e necessidade no mundo, isso deveria ser uma prática...
Um super beijo pra ti e desculpe a empolgação!rs
Esses assuntos me tiram do sério!rs
Lindo final de semana!
Su.
Minha avó também falava nisso, de não deixar nehum arroz no prato por causa das criancinhas que passam fome. Até hoje limpo o prato.
ResponderExcluirOla Ana,
ResponderExcluirAdorei sua visita e me emocionou sua mensagem! Estou chocada também, mas tenho certeza que daqui a alguns anos ela serea lembrada apenas pela obra maravilhosa, apesar de curta que deixou!! Grande artista que não tunha ninguem para ajuda-la por isso estava perdida, nem estou assistindo o noticiário, pois fiquei muito chateada com os absurdos que falaram!!
Beijos!!
Amanhã venho fakar sobre os desperdícios!! menina da um trabalho mesmo!
Obrigada pela vista!
ResponderExcluirMenina, que imagem linda que ficou a do mendigo na minha cabeça, que oração profunda e sincera ele deveria estar fazendo naquele momento. Tenho certeza que Deus ouviu seus preces.
Também me preocupo muito com o desperdício aqui em casa, não deixo que comida sobre no prato nem na geladeira.
É difícil comprar a quantidade certa para o consumo, mas aos poucos vamos chegando cada vez mais perto.
Sem falar no desperdício de tantas outras coisas que deixamos acontecer na nossa vida, inclusive de tempo!
bjs e boa semana!
Bom dia moça querida, voltei só pra te contar que ontem finalmente eu consegui passar na Nobel, e quando fui procurar o livro Feliz Por Nada, a vendedora me disse que só havia por encomenda, aproveitei e perguntei do cheirinho, rsrs. Ela disse que não sabia informar, mas que se chegasse algum ela iria ver...rs Agora fiquei mais curiosa ainda, rs, cidade pequena é isso! Tem Nobel, mas poucos livros!
ResponderExcluirSinto não ter ajudado muito.
Beijinhos.
Su.