sábado, 12 de novembro de 2011

Sábado no escuro


Eu evito falar sobre este assunto no blog, porque me tornaria uma pessoa repetitiva.
Falta de energia. Este ano aconteceu quinze vezes.
O nome não é este. É um nome pomposo: desligamento programado de energia.
Acontece aos sábados das 8h às 16h podendo se estender conforme necessidade.
No começo, a companhia de energia elétrica era bem simpática: na quarta-feira anterior ao desligamento, recebíamos uma cartinha, avisando do tal evento.
Creio que no decorrer do ano, muitos, assim como eu ficavam tão irritados desde a quarta-feira até o sábado, que agora eles nem avisam mais.
Desligam e pronto.
Em quinze vezes eu me utilizei, aqui do nono andar do prédio, da maravilhosa invenção chamada de palito de fósforo. Mas ela não aguentou tanta demanda e acabou quinze dias atrás, quando houve outro desligamento programado.
Esqueci-me de fazer a reposição. Somei a raiva da falta de energia com a raiva da falta de uma caixinha de fósforo e antes que começasse a proferir palavras indecorosas, achei melhor escrever.
Porque na matemática tenho dificuldade. Por exemplo, sábados e sábados sem energia, menor consumo e conta a pagar sempre mais alta. Ah! Lembrei: é aquela regrinha que um professor ensinou ( - com – dá +). Entendi: cada vez menos energia e mais alto o valor da conta...

O dia raiou
mas no escuro
meu cotidiano ficou
Sem avisar sem perguntar
a companhia de energia elétrica
poste em poste
pôs -se a desligar

Eu não podia passar
não podia aspirar
não podia centrifugar
muito menos navegar
os postes nem me deixaram postar
nem um chá quente tomar
para me acalmar

Pus-me a gavetas arrumar
na esperança de um palito de fósforo
encontrar...
Esquentaria água no fogão
para abrandar meu coração

Nem banho posso tomar
para a cabeça esfriar
(mas com água quentinha
porque esta frente fria
tá de arrepiar)

Almejo tanta tecnologia
mas uma caixinha de fósforo
tão bem me cairia

Ah! A gaveta?
Não encontrei fósforo não
Então fica a sugestão:
numa caixinha
num risco
o fogo,
a luz de supetão.

12 comentários:

  1. A única coisa que a gente ganha com isso é afzer poesia! heeheheh. bjssssssssssss

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  2. Amiga! Você é formidável!!!
    Até na frustação ages com delicadeza,fazendo
    poesia...Amei!
    Mas,na verdade a gente vai esquecendo de pequenas coisas tão úteis como fósforo, velas,
    só nesses momentos que precebemos seu valor.
    Abraços! Boa noite e um lindo domingo.

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  3. Tudo é inspiração pra um poeta... principalmente a dor ou as coisas ruins. Gostei do teu poema!

    Que bom que conseguiste comprar o livro, vamos ver o que achas... Espero que te inspires tanto quanto me inspirou ao escrevê-lo!

    Bjo!

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  4. Ana Paula, desligamento programado só por eles, não é. O consumidor...
    Cartinha só receberemos se deixarmos de pagar. Aí eles se lembram da gente.
    Adorei a sua "lógica matemática":
    "é aquela regrinha que um professor ensinou ( - com – dá +). Entendi: cada vez menos energia e mais alto o valor da conta..."
    rs...rs. Este fenômeno é tão misterioso que fica fora da nossa capacidade de entendimento.
    Gostei também da "tecnologia do palito de fósforo". Tão simples e tão necessária nessas horas. O que não anima muito é o nono andar. Sem energia, o jeito é "malhar" nove para descer e depois nove para subir.
    Gostei muito do seu jogo de cintura, soltando suas emoções nesse talentoso poeminha. Muito legal. Adoro a sua ironia inteligente. Seu texto transmite-as muito bem.
    Que bom que está tudo solucionado. Agora é aguardar a próxima programada.
    Ah! Corre lá comprar as caixas de fósforos! rs.
    Beijo com carinho.
    Manoel.

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  5. Linda poesia!
    Minha matemática para essas coisas também é péssima! rs

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  6. rssssssss...Muito chato estar sem luz e pior se estamos sem fósforos em casa e isso acontece...

    Lindo poema sem luz fizeste , mas que brilhou... beijos,chica e ótimo domingo!

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  7. Ana Paula, a falta de luz gerou uma bela e bem humorada poesia! Adorei, rs...
    Aqui acontece às vezes, mas eles ainda avisam, e o número esse ano deve ter sido por volta de 3 vezes... bem mais tolerável!
    Estava com muitas saudades de ti. Mas o tempo anda curto aqui...
    Beijos e um ótimo feriado com bastante energia por aí!rs

    Su.

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  8. Que coisa mais chata...
    Ainda bem que tem coisas boas no meio disso tudo, principalmente esta poesia!
    Adorei!!
    Bjks mil

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  9. Ana Paula,aqui ainda estão na fase de mandar as cartinhas!Espero que sempre avisem pois é horrivel ficar sem luz de supetão!E a conta de fato cada vez mais alta!Vc tem razão em ficar aborrecida,mas a poesia ficou muito divertida!bjs,

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  10. Ana Paula querida,

    A sua falta de luz, ainda bem, é só do lado de fora porque dentro de você a companhia elétrica não consegue apagar sua luz e inspiração bem humorada mesmo com motivos de sobra para estar de mal humor. genial seu poema. Girassóis nos seus dias. eles brilham sempre. beijos

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  11. Chegamos a um ponto, é uma constatação, que não sabemos como "sobreviver" sem energia eléctrica!
    É verdade... somos uns dependentes completos!

    Beijinhos.

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  12. Ana Paula, voltei pra agradecer o cd que você enviou de presente, chegou hoje, fiquei super feliz e logo fui abrindo e vim correndo ouvir, uma graça, educativo e ultra pedagógico, as crianças vão amar, na quarta-feira levarei para a escola com certeza, para ouvirmos juntos. Muito obrigada de coração. Que lindo presente.

    Beijos.

    Su.

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