Fui
acordada pela filha de seis anos no feriado de finados às seis da
manhã da seguinte forma:
- Mãe parabéns! Hoje é dia de finados.
- Mas eu não morri querida – foi tudo o que consegui balbuciar àquela hora da manhã.
- Eu estou vendo que você não morreu mãe, mas é pelos seus pais.
- Ah sim, só que não é bem desta forma que a gente comemora por aqui.
O
sono foi embora e ficamos a prosear, como diria meu pai.
Ela
queria saber como era sentir saudades, se eu estava com saudades
naquele dia e por que eu não chorava.
Prosa
das boas logo cedinho!
Os
primeiros dias sem nossas queridas pessoas, são difíceis, mas de
alguma forma nossa saudade vai sendo embalada, ninada e se torna
suave.
Num
feriado de finados você lembra sim de pessoas queridas, pode até
ser de maneira imposta pela data. Mas há lembranças que nos
surpreendem.
Hoje,
por exemplo, eu fui surpreendida. Comprei um óleo que precisava ser
aquecido em banho-maria. Coloquei-o ao fogo e fui cheirá-lo.
Que
doce surpresa surgiu em mim!
Minha
tia baixinha e gorducha que fazia balas de coco.
Íamos
à casa dela nos finais de tarde para ajudá-la e também comer as
branquinhas balas.
Um
ritual que voltou à minha lembrança desperto por um aroma.
Tia
Dirce fazia a massa numa enorme panela e despejava uma espécie de
grosso líquido na pia de mármore. Assim que esfriava um pouco,
começava a parte que eu mais gostava: ela pegava aquela massa,
puxava entre as mãos, esticava o máximo e voltava a uní-las e
neste momento de juntar um som, como percussão.
Minha
tia suava, repetia por diversas vezes. Depois cortava pequenos
pedaços com uma faca e nós, as crianças, enrolávamos para ficar
uma tira, ou uma minhoca como dizíamos, e minha mãe e minha tia com
enormes tesouras untadas em margarina cortavam a tira em pedaços.
Tudo tinha que ser muito rápido, antes daquela brincadeira
transparente se tornar branca e acabar derretendo em nossas bocas!
É
assim que gosto de sentir saudades...
Como
doces lembranças vividas. Isso tira as lágrimas, ou as mistura
também com sorriso.
(
e também dá uma baita vontade de comer bala de coco que derrete na
boca!)
Ana Paula,
ResponderExcluirconfesso que lendo seu texto tantos pensamentos passaram por aqui que não consigo me expressar.
Obrigada por compartilhar essa lembrança. Me fez lembrar de uma frase que diz: "A saudade é a prova que o passado valeu a pena."
Um grande abraço,
Carol
www.umblogsimples.com
Que delícia te ler e que forma de comemoras da pequena,rsrs...Imagina!!!
ResponderExcluirSentir doces saudades faz bem e é bom.Ficou DEZ! beijos,chica
Pra mim saudade é a presença de alguém, de algum dia, cheiro, sabor, momento que já passou, que está longe ou está em outro plano e se a presença existe de forma saudosa é porque foi bom e se é bom vale a pena ser lembrado, revivido, falado, visto, sentido e não chorado ou lamentado.
ResponderExcluirLinda sua narração, linda a curiosidade infantil, felizes das crianças que têem doces e sábios adultos ao seu lado.
Que linda forma de abordagem da sua filha!
ResponderExcluirAmei ler sua postagem! Também penso como você.
Lembro de meus pais que já se foram,com doces lembranças, com uma saudade carinhosa e gostosa.
Abraços! Boa noite e um amanhã lindo pra ti.
Que lindo texto, cheio de emoção...
ResponderExcluirBeijocas sabor bala de coco!
Rafa
Oi Ana!
ResponderExcluirConcordo plenamente com você...a saudade dói um pouco no peito, a melhor maneira de lembrar de alguém muito querido são os bons e eternos momentos como os que relatou.
Bjo no coração
Olá Ana! aqui em Valinhos tem uma mulher que faz dessas balas, na casa dela.
ResponderExcluirSão uma perdição!
Eu também entendo que a grande dor vai passando com o tempo, e depois fica essa ausência, um vazio, uma saudade.
Esse ano almoçamos todos aqui em casa, até meus irmãos vieram. Brindamos à saudade, à memória. Falamos e choramos juntos. Rimos e bebemos cerveja.
Foi um finados perfeito. Para completar assistimos a alguns vídeos de shows que meu marido amava.
Adorei sua postagem, leve e descontraída.
Beijos querida.
Paula, eu só tenho a te agradecer por suas palavras, li e reli seu comentários várias vezes e me acalmou e muito, pesquisei e observei muito ele nas últimas noites, voltou tudo ao normal acredito que foi o dente.
ResponderExcluirGosto de lembrar de pessoas queridas como você, só com lembranças boas. Não tem modo melhor!
Beijos
Ainda bem que existem as lembranças elas nos fazem sentir perto das pessoas que já se foram!
ResponderExcluirAmei seu texto, amei o carinho e a forma que sua filha te “parabenizou” pela data.
Beijos!
São estas recordações lindas que nos vão fazendo sorrir quando aparecem.
ResponderExcluirTambém sou um nostálgico e um sentimentalão!
Beijinhos
Quantas lembranças boas me vieram nesse momento.
ResponderExcluirE são esses pequenos e bons momentos que temos que ensinar nossas crianças a valorizarem, pois são eles que carregamos na memória pra sempre.
Adorei seu post.
bjs
Oi Ana, que delícia de texto! Pude sentir daqui o cheiro da bala feita por sua tia Dirce enquanto lia teu post. Uma lembrança sua que me fez viajar na minha imaginação!
ResponderExcluirBjo e bom final de semana.
Saudade é o amor que fica bem guardadinho na alma e que vem á tona em forma de lembranças boas.
ResponderExcluirBeijokas doces