Era
Natal. Ou melhor, a noite, a véspera. Tornara-se tradição
comemorar mais a meia-noite, com presentes, ceia, do que propriamente
o dia do nascimento do Menino-luz.
Apesar
de já ter decorado a sequencia tão ansiada durante um ano inteiro
– familiares chegando, esconder-se do Papai Noel, abrir presentes,
amigo secreto dos adultos, ceia, percebera que aquele ano estava
diferente.
Apesar
de crescida em seus dez anos, acreditava com certa desconfiança do
bom velhinho de brancas barbas.
Escolheram a casa da avó, apesar de
bem menos espaçosa do que a chácara da tia. Também a alegria dos
adultos estava diferente. Um sorriso que parecia não sorrir.
Em
sua roupa nova, a garotinha corria, movimentava-se para espantar o
sono.
E
também havia um certo desconforto vindo de uma saleta. De lá, um a
um, os adultos saíam chorando. Ela fora proibida de entrar pela
própria mãe que por muito tempo permaneceu lá dentro.
Também
achara estranho, naquela noite de festa, a mãe estar como ficava
dentro de casa, sem o seu cabelo artificial, mostrando-se sem nada
esconder.
Fora
repelida umas duas vezes pela mãe quando tentou um colo e depois um abraço.
O
agudo tilintar do sininho prenunciava a chegada de Noel. Era preciso
esconder-se rápido!
E
entre os presentes a abrir, brincar, a garotinha adormecera.
O
vento frio de agosto estava por toda a parte. Naquela noite abraçou
o ursinho de pelúcia que Papai Noel lhe trouxera no último Natal; o
abraço que não recebeu da mãe naquela noite, o calor do colo que
não mais voltaria.
O
vento frio de agosto preenchia o espaço da ausência da mãe.
O
ursinho de pelúcia tentava aquecer o coração da garotinha e
ensinar-lhe que há sabedoria em não-abraços.
Sempre consegues nos emocionar. Lindo teu texto e essa menininha com seu ursinho que tinha outra função...beijos,chica
ResponderExcluirAna Paula, certas coisas inteligentes e até superiores à nossa inteligência marcam uma reflexão bem racional para não "desmontarem" nossa cabeça e nossa sensibilidade.
ResponderExcluir"Há sabedoria em não-abraços". É verdade, todavia é uma verdade tão nua e crua que abala a gente. Da mesma forma que abala, ensina muito e fortalece nosso interior.
Muito bem escrito esse texto. Dono de uma sensibilidade "oculta" no coraçãozinho da sempre menina.
Beijos.
Manoel.
Q linda garotinha!
ResponderExcluirVontade de abraça-la.
bjs
"...há sabedoria em não-abraços"! Dolorido e terno! Emocionante!
ResponderExcluirGirassóis nos seus dias. Beijos
Ana e suas palavras que emocionam...
ResponderExcluirEutimia.
Natal, tantas histórias, sentimentos, lições...
ResponderExcluirAprender com o não-abraço...Um abraço, um ato tão bom, acolhedor, aconchegante e simples, mas que diz tanto...Fiquei aqui com uma enorme vontade de colocar essa menininha no colo..
ResponderExcluirBjo e um ótimo dia
Bom dia Ana. Estou aqui emocionada e sentindo uma onda de lembranças e perfumes, e sentimentos.
ResponderExcluirFui essa menina também aos dez anos.
Você me emocionou e sou solidária com essa criança, ofereço meu abraço e meu carinho.
Só quem foi menina num Natal triste consegue ler nas entrelinhas a enorme carga de solidão.
Beijo querida, que seu dia seja lindo.
Amiga,
ResponderExcluirlindo e emocionante!
Você escreve muito bem e traduz nas palavras sentimentos comuns a todos nós!
Beijos
Ana, querida,
ResponderExcluirNaquele momento anterior que estive aqui, não tive tempo suficiente para ler essa maravilhosa e emocionante crônica, mas estou com muita alegria te seguindo. Deixo meu carinho, e o desejo que tudo permaneça bem. Um abraço!
"Ando tão à flor da pele que até um beijo de novela me faz chorar..."
ResponderExcluirPuxa vida, ando tão emotivo e você ainda faz um post desses... Assim eu não aguento, rsrs
Beijo, querida, linda crônica! Obrigado pelas visitas ao meio Desligado!
Mais que ler é ideal enxergar, sentir, ser como o pequeno príncipe, não é mesmo?
ResponderExcluirBoa oportunidade para nova geração o Discovery Kids é sempre D+
Já passou por aqui por Salvador a peça, mas como protesto por ter sido encenada pela sem valores, sem noção e sem cultura da Piovani, não fui.
Quem não leu, deve ler.
Quem já leu, deve ler de novo.
É um livro para ser lido quando pequenos, para os pequenos e depois lido de grandes e se der ler de novo quando estivermos velhos.
A cada uma dessas leituras entenderemos mais ou menos o valor das muitas lições da história, se mais evoluímos com o passar do tempo, se menos nos perdemos em algum lugar.
"Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música."