terça-feira, 15 de novembro de 2011

Minas de carvão


Em minha mão
uma caneta
Palavras bonitas
prontas a escorrer
pelo papel

Imóvel
retém palavras
sem beleza

Mina de carvão
fétidos odores
luz artificial
trabalhadores sujos

Qual seria a poesia
daquele mineiro
do outro lado do mundo?

Uma fresta de sol
para ver flutuar a poeira?
Perfume de mulher
em pele banhada?
Ou o olhar do filho
sob as pálpebras adormecidas?

Em alguma fábrica
do outro lado do mundo
minha caneta tomou forma

Como pode escorrer belas palavras
se uma lágrima escorre
no fundo da mina
para alimentar a fábrica?

Ana Paula

12 comentários:

  1. que lindo! Adoreiii

    Estamos sorteando uma linda legging de renda no Blog!!
    http://talitahsampaioliten.blogspot.com/2011/11/sorteio-princesas-de-renda.html?spref=fb

    Beijos

    Talitah

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  2. Adorei ler o seu blog, você é tão de corpo e alma em suas palavras!
    Nem preciso dizer, maravilhoso né?
    Parabéns Ana

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  3. Ana Paula, muito bacana o seu sentimento. Para mim seria insuportável esse tipo de trabalho. De fato não dá para escorrer belas palavras, mas ficou uma bela constatação para ser refletida.
    Beijo.
    Manoel.

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  4. Oi Ana!
    Como sempre, poética e sensível.
    Gostei muito do texto!
    Bj
    Débora

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  5. Oi Ana, tenho um tio que trabalhou anos como mineiro. Conheci de perto (turista) como é uma mina e te confesso que seu texto me levou ao encontro dos sentidos que tive há anos naquela mina. Ali, tão distante de tudo, do sol e com medo...

    Você e suas palavras com tantos sentimentos intrínsecos.

    Bjo e eutimia.

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  6. Pois é..."Dimantes de sangue" :(

    Beijos, carinho, admiração e desejo de uma linda quarta pra vc :)

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  7. Nossa Ana Paula,
    Que bacana se lembra em versos daqueles que trabalham no subsolo, no escuro e em condições precárias para alimentar a nossa indústria. E eles devem sentir muita falta mesmo do conforto, da família e de um afeto.
    Beijokas doces e boa quarta-feira.

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  8. Tem razão o Hugo, aí em cima, uma bela homenagem a pessoas tão esquecidas, e tão sofridas.
    Sei que ficam porque não têm opção, porque já estão criados e enraizados naquele fundão.
    Gostei muito de poder, com sua lembrança, homenagear esses homens anônimos.
    Parabéns Ana, gostei bastante.
    Beijos, bom dia!

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  9. Ana Paula querida,

    Lindo!!! e triste!!!! a vida nem sempre é como a gente quer. É entretanto necessário cultivar a felicidade!
    Girassóis nos seus dias. Beijos

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  10. Muito lindo e eu também ando deixando escorrer muitas lágrimas.Nem as controlo..Simplesmente saem...beijos,chica

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  11. Lagrimas....nao tem traduçao!
    Passei para dar um oizinho, dizer q estou bem e agradecer seu carinho. Devagarzinho vou voltando!
    Um beijo doce e bom fim de semana
    Roberta
    http://docesabobrinhas.com/

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